O Espírito Viageiro...


Difícil começar a escrever algo, principalmente uma triste notícia sobre a prematura partida de Jesse e seu cão Shurastey, e nossa chegada recente depois de quase nove meses de viagem e trabalho pelo nosso lindo Brasil. Os sentimentos se confundem, as palavras fazem falta, e um verdadeiro turbilhão de pensamentos, ideais, e principalmente lembranças vêem a minha cabeça. Acredito ser natural esse sentimento, principalmente prestes a completar quase 30 anos de "aventuras", projetos mundo afora. Lembrei-me do Fusca, o mesmo que me conduziu nas minhas primeiras viagens pelo Brasil, e o do Jesse, nesse fatídico dia. Pensei as centenas de noites, sozinho comigo mesmo, protegido pelas tênues e aconchegantes muralhas do meu imenso castelo chamado de Barraca. As estradas as vezes pareciam infinitas, os desertos sembravam que jamais acabariam, e que o final nunca chegaria...E definitivamente é assim!!! O fim realmente não existe, e pode parecer piegas mas não é; a viagem não é definitivamente o fim, e sim o caminho. Qualquer semelhança com nossa passagem aqui por este plano é mera coincidência, não é mesmo? Sorte daqueles que entendem isto, em toda sua essência, o mais cedo possível...O fato é que quando decidi-se fazer isto fisicamente sozinho, concorda-se plenamente com a clausula que diz "Estou ciente de todos os riscos envolvidos na minha opção de caminho, na minha escolha, no meu estilo de vida". Digamos que o "problema" aumenta, quando encontra-se alguém, e os caminhos se cruzam literalmente, nascendo desta bendita encruzilhada, uma nova vida, um filho. Agora o sozinho, que nunca fez tanto sentido assim, vira coletivo, e proporcionalmente a esta pluralidade, aumenta-se as preocupações, os desafios, e os infindáveis "porquês". Devo ir, ou devo ficar? Já dizia o saudoso punk rock do The Clash. Inexplicavelmente, estes questionamentos deixam de fazer sentido para certas pessoas, e elas simplesmente vão. De carro, de bike, a pé ou de Fusca. O nosso Jesse, que não conhecíamos pessoalmente, mas que inexplicavelmente tínhamos amigos e parceiros em comum foi, e sua viagem quicas nunca termine, num outro plano, em outras estradas... Que de alguma forma estas palavras peguem essa mesma estrada , e consolem e expliquem de alguma forma aos seus entes queridos do porque ir, do porque viajar, do porque se conhecer, e de viver intensamente esta nossa curta passagem por aqui. Foi assim e assim sempre será, pois acreditem ou não, nunca deixará de existir pessoas que em determinado momento de suas vidas irão! E o Jesse sem sombra de dúvidas foi uma dessas. Obrigado e que vá em paz irmão, irmão de estrada, e porque não dizer irmão de vida....
 

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